Como são criados novos tipos de lúpulo?
Desde o Neolítico, o ser humano vem selecionando minuciosamente os melhores frutos — os mais carnudos, os mais doces — para depois cultivar suas sementes. Desde o início da agricultura, sempre buscamos modificar as características das plantas que nos eram favoráveis. Essa domesticação milenar começou a ser mais compreensível a partir da publicação, por Mendel, de seus experimentos com ervilhas no século XIX. É a partir dessas descobertas genéticas que se começa a experimentar com uma abordagem mais rigorosa e isso, claro, teve um grande impacto no lúpulo utilizado para a produção de cerveja.

Embora o lúpulo se encontre em estado selvagem nas margens dos rios, há séculos que é cultivado como conservante do “sumo de cevada”. A seleção artificial tem sido orientada para obter cones com maior saturação de ácidos – responsáveis pelo amargor – e óleos essenciais – encarregados de aportar aromas; além, é claro, de procurar que cada planta dê uma produção de cones superior. Mas isto não acaba aqui. Não se trata apenas de quantidade. A variável qualitativa também está sujeita à engenharia genética.
As empresas por trás do negócio do lúpulo buscam criar novas variedades que ofereçam novos aromas e sabores para patentear. Não por acaso, existem mais de 250 óleos essenciais diferentes. Esses novos lúpulos cada vez mais exóticos são irresistíveis para os cervejeiros artesanais. De fato, em função dos diferentes matizes de cada lúpulo, as distintas variedades se organizam em torno de quatro famílias:
- Lúpulos do velho mundo: nuances herbais.
- Lúpulos nobres: matizes florais e condimentados.
- Lúpulos americanos: notas cítricas e resinosas.
- Lúpulos do Novo Mundo: notas frutadas e tropicais.

No entanto, não devemos esquecer outro dos grandes objetivos da engenharia genética e do cruzamento de espécies: que a planta tolere condições mais hostis. Estamos a falar de que o lúpulo prefere climas húmidos e frescos, mas determinadas regiões não oferecem estas características. Por isso, está‑se constantemente a experimentar que variedades de lúpulo se adaptam melhor a ambientes quentes e com baixo índice de precipitações. Por exemplo, em Espanha cultiva‑se sobretudo a variedade Nugget, que resiste melhor ao clima peninsular, embora se esteja a experimentar com Eureka, Apollo e Bravo para começar a plantá‑las no futuro.
O lúpulo é o ouro verde, e as grandes empresas procuram novas variedades através de cruzamentos para lhe tirar ainda mais rendimento. No fim, todos desejamos cervejas mais aromáticas, mais saborosas e mais surpreendentes.
